Reduzir o desmatamento, intensificar o manejo florestal e estimular a restauração florestal, ou seja, pensar em ações e estratégias baseadas em ecossistemas para o enfrentamento das mudanças climáticas e que simultaneamente tenham efeito positivo para a biodiversidade. Esses são os caminhos apontados pelo Sumário para Tomadores de Decisão do relatório temático “Potência Ambiental da Biodiversidade: um caminho inovador para o Brasil” , lançado hoje na 24ª Conferência das Partes (COP24) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Clima, que está acontecendo em Katowice (Polônia). O relatório completo será lançado no dia 19/12 no Rio de Janeiro.

O documento foi produzido pela pela dobradinha Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) e Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES). O propósito desta iniciativa foi analisar a literatura científica sobre a vulnerabilidade sócio-ecológica decorrente dos impactos à biodiversidade e aos ecossistemas brasileiros.

O Sumário para Tomadores de Decisão sobre biodiversidade e clima ressalta que a direção da interação entre biodiversidade, clima e desenvolvimento socioeconômico se alterará ao longo do tempo, de maneira mais ou menos favorável à sociedade brasileira, dependendo da velocidade de transformação do modelo de desenvolvimento atual para um modelo mais sustentável. A persistência de um cenário ‘business-as-usual’, no qual o país continuaria a se desenvolver com base em energia proveniente de combustíveis fósseis, em contínua expansão da agropecuária sobre os nossos biomas, sem tomar medidas de adaptação às mudanças climáticas, implicará no declínio dos sistemas naturais de suporte à vida, aceleração nas mudanças climáticas e impactos negativos sobre o bem-estar humano.

As opções para recalcular esta trajetória se amparam em medidas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas, sobretudo voltadas para o setor da agricultura, florestal e de uso da terra. Entre elas o relatório destaca a redução do desmatamento, instauração de manejo florestal e investimento em reflorestamento e restauração florestal. Essas recomendações, além de conter a emissão de gases de efeito estufa também provocam um efeito positivo sobre a biodiversidade.

O relatório temático também considera a revisão de estratégias e ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas com base em ecossistemas (AbE). Trata-se de estratégias com um enorme potencial ainda não explorado para combater as mudanças climáticas ao mesmo tempo que impulsiona o desenvolvimento sustentável no Brasil.

O relatório contou com o apoio da Fundação Grupo Boticário, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Saiba mais

O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) foi estabelecido, nos moldes do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês). O papel do PBMC é reunir, sintetizar e avaliar informações científicas sobre os aspectos relevantes das mudanças climáticas no Brasil.

A parceria com a BPBES rendeu o lançamento do primeiro Relatório Temático da Plataforma, o de Clima e Biodiversidade.

Além deste relatório temático, a BPBES apoia a elaboração de mais quatro sínteses que serão lançadas ao longo de 2019: “Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos” (previsto para fevereiro de 2019); “Contribuição dos Povos Indígenas e Comunidades Locais Tradicionais para a Biodiversidade Brasileira”; “Restauração de Paisagens e Ecossistemas” e “Água: biodiversidade, serviços ecossistêmicos e bem-estar humano”.

O Sumário para Tomadores de Decisão do 1o Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos foi lançado dia 8 de novembro e pode ser acessado neste link.