Fabio Scarano, Cristina Adams, Mercedes Bustamante, Carlos Joly, Helder Queiroz e Cristiana Especial para Direto da Ciência*

“Até meados dos anos 1980, em grande parte da América Latina, a governança de temas relacionados ao meio ambiente era centralizada nos governos, especialmente em países sob ditaduras militares, como o Brasil. As decisões, quase sempre controladas por poucos grupos de interesse, se davam com base em um discurso pseudonacionalista de soberania e em uma visão utilitária do meio ambiente.

A partir dos anos 1990, isso começa a mudar. A ciência e a sociedade passaram a entender que a relação humanidade-natureza é bem mais complexa e abrangente do que pensavam os governantes. E essa complexidade se manifesta de várias maneiras.

Se os Estados Unidos emitem 60% dos gases de efeito estufa do planeta, populações em todos os países do mundo sofrem as consequências. Se a temperatura no Oceano Pacífico, na costa do Peru, sobe 1˚C, a seca e a fome afetam a África e o Nordeste do Brasil. Se a Amazônia é desmatada, falta chuva para a agricultura nos estados do centro-sul do Brasil. Se um fazendeiro desmata o entorno das nascentes em sua propriedade, falta água para os seus vizinhos rio abaixo.

Tamanha complexidade abrange não só múltiplas escalas (do planeta até a sua casa; dos dias atuais até as próximas décadas e séculos), mas também múltiplos atores sociais. Esses atores são todos os que usam e dependem dos recursos naturais, como governos, instituições públicas, empresas e cidadãos.”

(Continua)

*Leia na íntegra: Direto da Ciência